terça-feira, abril 12, 2011

De quem descendemos?

Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião
para longas conversas. (mas podia passar-se hoje...).

Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o
seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os
índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em
progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos
nossos parceiros. Olhando retrospectivamente, tudo parecia indicar que
uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E,
contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:

- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que
correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que
descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao
mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia,
que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram
uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são
lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre
país da Europa ocidental.

O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem
colaborador:
- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente
aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas
caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.

- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de
quem descendemos nós?

- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...

Autor Desconhecido

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